Você é o que você come
- Alessandra Aragão
- há 5 dias
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A frase "você é o que você come" não é apenas um ditado popular, mas uma verdade científica que reflete o impacto profundo da alimentação na nossa saúde física, mental e emocional. Como terapeuta sistêmica, compreendo que não podemos separar mente e corpo: somos um sistema integrado, onde cada escolha alimentar influencia em nosso bem-estar.
Os alimentos que consumimos são como combustíveis para o nosso corpo. Eles fornecem os nutrientes necessários para que as células funcionem corretamente, para que o sistema imunológico nos proteja de doenças e para que o coração bombeie sangue de forma eficiente. Estudos científicos mostram que uma dieta rica em alimentos ultraprocessados, como salgadinhos, refrigerantes e fast food, aumenta o risco de doenças crônicas, como diabetes, doenças cardíacas e câncer. Por outro lado, uma alimentação baseada em alimentos naturais, como frutas, verduras, legumes e grãos integrais, contribui para a longevidade e o bem-estar.
O alimento que ingerimos regula não apenas a nossa saúde física, mas também a mental. A nossa microbiota intestinal, composta por trilhões de microrganismos, desempenha um papel fundamental nesse processo. Esses microrganismos são essenciais para a nossa imunidade, influenciam nosso humor e ajudam a prevenir doenças inflamatórias. Uma dieta rica em fibras, frutas, vegetais e gorduras saudáveis favorece o equilíbrio da microbiota, promovendo bem-estar emocional. Em contrapartida, alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar e gorduras saturadas, podem gerar inflamação no organismo, afetando o humor, a energia e a capacidade de lidar com o estresse.
Nutrientes como ômega-3, vitaminas do complexo B e antioxidantes são essenciais para o bom funcionamento do cérebro, pois auxiliam na produção de neurotransmissores e na regulação do humor. Estudos como o SMILES Trial, publicado no BMC Medicine, demonstraram que uma alimentação equilibrada pode reduzir significativamente os sintomas de depressão. A dieta mediterrânea, rica em peixes, azeite de oliva, vegetais e oleaginosas, é um exemplo de padrão alimentar associado à redução de doenças cardiovasculares e transtornos mentais.
É importante ressaltar que a nutrição não é uma solução isolada para os desafios emocionais. A terapia, o exercício físico, o sono adequado e o apoio social são igualmente importantes para a saúde mental. No entanto, a alimentação equilibrada pode ser um alicerce sólido para a construção de uma vida emocional mais saudável e plena.
A nutrição também influencia a nossa relação com o mundo. Comer de forma consciente nos conecta com o corpo, despertando a percepção sobre os efeitos dos alimentos no nosso bem-estar. Além disso, nossas escolhas alimentares afetam o meio ambiente e a economia. A produção de alimentos sustentáveis e o consumo de produtos menos industrializados podem contribuir para um planeta mais equilibrado.
A terapia sistêmica nos ensina a olhar para o todo e identificar padrões que impactam nossa qualidade de vida. Ao compreendermos que a alimentação é um dos pilares da saúde integral, podemos ajustar nossos hábitos e criar uma relação mais saudável com a comida. Isso não significa aderir a dietas restritivas ou buscar soluções milagrosas, mas sim adotar um olhar atento e consciente sobre o que colocamos no prato.
Se quisermos transformar nossa saúde, precisamos começar pelas pequenas escolhas diárias. Como disse Hipócrates, "Que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio". Alimentar-se bem é um ato de autocuidado, respeito e amor-próprio. E você, o que escolhe colocar no seu prato hoje?
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